quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Coisas dentro em mim...

Há muito, tenho me conformando que existem dois Nilson dentro de mim: um otimista e outro pessimista, muito bem definidos, ágeis e atuantes em minha vida.

Sou muito gamado no meu temperamento otimista, que me faz feliz, enriquece, faz jovem o meu viver, com o pensamento seguro de que sonhos são para serem realizados, por mais estranhos e impossíveis que pareçam. Adoro quando, aqueles que ‘morrendo’ de inveja, me chamaram de louco.

Quanto ao pessimismo, há muito pouco tempo aprendi lidar com ele, desvalorizando-o, ao tirar o maior ‘sarro’ do meu ‘cagaço’, como por exemplo: o que os outros vão pensar e outras besteiras mais. São muitas as vezes que o Nilson otimista, gargalha das besteiras do Nilson pessimista.

Acredito que esta postura me levou a liberar, “coisas dentro em mim que estão dizendo que estou vivo”, muito vivo. Frase de uma música de Ivan Lins.

O que mais me encanta, é que são coisas simples, muito simples, mas de uma riqueza para mim, imensurável e, cujo prazer, mudou muito o meu caminho e principalmente o meu modo de por ele caminhar.

Vou citar casos que agora me fazem sorrir, cantar e dançar, saltitar de alegria, como aquela música que me toca quando um sonho torna-se uma realidade, uma festa só sua e de mais ninguém. É um ápice de felicidade.

Em quase todas as manhãs, levo frutas para os pássaros que circundam o quintal de nossa clínica. Jogo pedaços de mamão, bananas e laranjas no telhado ou as espeto cuidadosamente em uma pequena árvore de romã onde também penduro bebedouro com uma solução própria para beija-flor. É uma festa, todas as manhãs, ver o revoar dos pássaros em volta das frutas, sendo o sabiá sempre o primeiro hierarquicamente e também pelo seu porte, a pousar. Depois, vêm os sanhaços, bicos de lacre, cambacicas, bem-te-vis, pardais e outros por nós desconhecidos. Até o meio-dia devoram tudo sob muita barulheira e briga com as atrevidas abelhinhas que também aparecem.

Esse é o panorama físico e musical do café da manhã do pessoal lá da clínica, diariamente às 7 e meia, para nossa alegria e às vezes, com a presença de amigos e clientes. É a maior ‘zorra’.

Um dia, um amigo ao tomar conhecimento disso, exclamou: “Oh Denari, dando comida para os pássaros, com tanta gente passando fome por aí. Que pecado, tenha dó, pôxa”.

Com uma voz bem babaca respondi: “Sabe, acontece que anos atrás, essas aves moravam aqui, e nós, seres civilizados, destruímos suas casas, matando suas famílias, seus alimentos; seu habitat natural virou amontoados de concreto. Cada dia mais. E mesmo com tudo isso, eles gostam daqui, continuam tentando sobreviver num espaço que era só deles. Está claro para mim que eles ainda gostam muito daqui e por isso lutam para sobreviver com o muito pouco que deixamos. Eu só tento corrigir essa barbárie, só isso”.
Falei e me mantive estático à sua frente, quando recebi essa resposta:
“Oh Denari, que papo é esse. Você parece veado”.

E foi embora deixando um seu semelhante vingado e feliz.

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